Cinqüenta anos depois do suicídio, os restos mortais de Getúlio Vargas ganharam um local definitivo, num mausoléu construído no meio da praça 15 de Novembro, em São Borja, terra natal do ex-presidente. O monumento foi inaugurado , com a presença do ministro da Coordenação Política Aldo Rebelo, do prefeito José Pereira Alvarez (PP) e dos governadores do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), e de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB), cercados por um público estimado em cinco mil pessoas. Os ossos só foram transferidos do Cemitério Jardim da Paz para o mausoléu ao entardecer, quando o ministro e os governadores já haviam deixado a cidade.
O traslado, garantido por uma liminar concedida pela Justiça à Prefeitura, encerrou uma polêmica que já durava duas semanas. Três dos sete netos vivos de Getúlio e muitos são-borjenses preferiam que a urna continuasse depositada no jazigo da familia Vargas, já tombado como patrimônio histórico do município. Os outros quatro netos e o sobrinho-neto Viriato, da ramo familiar dos Vargas que continuou em São Borja, concordavam com a mudança. Com a autorização da liminar e entendendo que havia uma maioria favorável à transferência, NA ÉPOCA O prefeito Alvarez, adversário histórico dos trabalhistas de São Borja, autorizou a operação, feita pelos bombeiros.
Apesar de estarem em local público, os restos mortais de Getúlio dificilmente poderão ser violados por vândalos. Os ossos estão guardados numa urna de aço inoxidável, depositada dentro de outra caixa, de ferro soldado, coberta por mármore branco e encravada num monumento de 5m57cm de altura por três metros de largura, onde também estão gravadas a carta-testamento e uma faixa de tinta vermelha para simbolizar “o sangue derramado pelo povo brasileiro”.
O arquiteto Oscar Niemeyer fez o projeto de graça para a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul e a Prefeitura de São Borja. A construção foi bancada por um patrocínio de R$ 82 mil da Souza Cruz.
recursos – Em seu discurso diante do mausoléu, Rebelo disse que Getúlio não é só o passado, mas também o presente de um Brasil sonhado como grande e justo. “O presidente Lula e os partidos de sustentação do governo existem graças às obras do presidente Vargas, que industrializou o País e criou a grande classe operária”, destacou.
O ministro também anunciou a liberação de R$ 354 mil para a restauração do Museu Getúlio Vargas, instalado na casa onde o ex-presidente morou e trabalhou quando era advogado. Para o governador Rigotto, Getúlio não concretizou uma intenção manifestada na carta-testamento. “Ele conseguiu entrar na história, mas não conseguiu sair da vida, permanecendo entre nós sua obra para todo o sempre”, afirmou.
A neta de Getúlio, Yara, leu um relato que o pai, Manoel fez sobre o 24 de agosto de 1954, e, ao final, proclamou: “Que seja bem-vindo o doutor Getúlio à praça central de São Borja.” Além da inauguração do mausoléu, as homenagens a Getúlio Vargas em São Borja tiveram sessões solenes da Câmara de Vereadores e da Assembléia Legislativa, que transferiu os trabalhos do dia para o município.
http://www.youtube.com/watch?v=FpkPO5nxw4w Mausoléu projetado pelo arquiteto Oscar Niemayer.